Fábio Deivison Lopes Maciel: why always me?

Se você é cruzeirense e/ou residente do melhor país do mundo (Minas Gerais), com certeza conhece algum (ou vários, no meu caso) cruzeirense que simplesmente odeia o goleiro Fábio. O motivo? Também não sei.

A maior parte da torcida sempre o respeitou, é verdade, mas toda vez que tinham alguma (rara) brecha pra criticar, o faziam. Acontece, torcedor é assim mesmo, principalmente no Brasil. O fato é que, depois da sua volta de lesão, o caso virou uma perseguição desumana.

Títulos, recordes, defesas espetaculares, regularidade de 10 anos e inacreditáveis setecentos e quinze jogos (e contando) por um dos maiores clubes do continente. Esqueça tudo isso, Fábio tem sido lembrado apenas por fracassos. É o goleiro gordo (que incrivelmente está magro) que tomou um gol de costas (há mais de 10 anos!!) e que forçou cartão pra não jogar a última rodada de 2011 (que só tínhamos chances matemáticas de escapar por conta de seus milagres semanais).

É fato que Rafael assumiu seu posto de maneira espetacular, mas era mais do que justo dar a chance pra um dos maiores jogadores de nossa história mostrar a sua condição. O próprio disse que, se não estivesse em seu melhor nível, aceitaria a reserva numa boa. O cenário, na teoria, era excelente. Dois ótimos goleiros que não veem problema em ficar no banco caso o “concorrente” esteja melhor. Na teoria.

Na prática, o torcedor tem tido paciência zero com aquele que há longos anos é dono da posição mais delicada (e mais linda, na minha opinião) do Cruzeiro. Concordo que Fábio tenha sofrido alguns gols, no máximo, questionáveis, mas também fez várias defesas sensacionais e está passando longe de ser o problema do time que tem Leo como capitão e titular absoluto, volantes improvisados nas laterais e um treinador que “arruma defesas” e parece fazê-la piorar a cada semana.

O caso teve seu ápice após o emocionante empate contra o Grêmio no Mineirão. Fábio fez 3 defesas espetaculares e sofreu um gol discutível. Era pra ter sido o assunto menos comentado após o caos defensivo do Cruzeiro, mas o goleiro postou uma foto no Instagram e foi alvo de críticas que, além de desrespeitarem toda a enormidade de toda sua história no clube, também ferem qualquer ser humano.

Vários “torcedores” desejando lesões e chamando-o de todos os piores nomes possíveis, fazendo com que uma simples imagem se tornasse ambiente de baixaria e discussão (inclusive agora eu compreendo porque ele nunca foi muito engajado em redes sociais).

Nem o meu maior inimigo merece esse tipo de tratamento, mas o cruzeirense com o mínimo de senso e compreensão deveria respeitar aquele que já passou por quase tudo dentro do clube. Fábio criou seus filhos em Belo Horizonte, já disse que quer aposentar aqui e recusou várias ofertas pra sair do clube. É óbvio que cada um tem sua preferência, mas o lado humano deve ser respeitado acima de tudo.

Eu amo o Cruzeiro mais do que qualquer jogador, e quem assumir o gol (ou a presidência, a lateral direita, seja o que for) terá meu total apoio. Mas é triste ver tamanha desconsideração com um ídolo e torcedores duvidando daquele que já me deu dois brasileiros, algumas permanências na série A e milhares de sorrisos.

Saiba que eu não duvido, Fábio.